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HGE/AL : ruim com ele,pior sem ele ?




A frase do presidente do SINMED, o 'HGE deveria ser interditado', emitida durante a coletiva de imprensa na sede do sindicato, no dia 01/02 do corrente ano,infelizmente foi mal interpretada e está servindo de estandarte para arregimentar o povo "incauto" da nossa terra, a olhar a classe médica como a única responsável pelas mazelas governamentais atuais e futuras.

Após a frase de Galvão, a pauta que está sendo utilizada na internet para solucionar os problemas na saúde Alagoana,é comparar o que seria melhor para a população : Estar com o HGE aberto do jeito que está "salvando vidas",ou ter ele fechado causando mortes.

É óbvio , que se o HGE fechar, muitos morrerão sem assistência!;Da mesma forma que vidas estão sendo perdidas com ele aberto sem as necessárias condições éticas. É o que veremos com maior detalhe no decorrer da postagem, que traz um resumo sobre os últimos cinco anos das atividades do SINMED e CREMAL,em defesa da vida .


Essa ideia alardeada de cerrar as portas do HGE , não reflete a verdade.Os médicos em nenhum momento cogitaram a sua interdição!



Tudo como dantes no quartel de Abrantes ...



Creio que a mensagem subliminar que está sendo utilizada, manipulada e disseminada, poderia ser resumida com essa frase de conformismo : É melhor aceitá-lo(HGE) dessa maneira,com resignação ,porque fechado será bem pior! Uma velha manobra bastante conhecida com o codinome de manipulação das massas.


 O jornalista Mauro Santayana, prêmio ESSO de 1971, é bem esclarecedor quando discorre sobre o uso do "fermento" da manipulação: 

"A propósito do “instinto de manada” vale a pena lembrar a definição do fascismo por Ortega y Gasset: um rebanho de ovelhas acovardadas, juntas umas às outras pêlo com pêlo, vigiadas por cães e submissas ao cajado do pastor. Essa manipulação das massas é o mais forte instrumento de dominação dos povos pelas oligarquias financeiras. Ela anestesia as pessoas – mediante a alienação – ao invadir a mente de cada uma delas, com os produtos tóxicos do entretenimento dirigido e das comunicações deformadas."(Os assaltantes da consciência : assim nasceu a manipulação das massas)


Para manipular as massas,basta somente confundir a população com diferentes tempos verbais!


Ao utilizar a expressão o "HGE deveria ser interditado" , Galvão quis chamar a atenção da extrema gravidade encontrada no sistema de saúde que é oferecido no único hospital público de emergência na capital.De tão caótico,não era para estar aberto, não significando que o seu desejo seria de fechar o HGE. Basta analisar o verbo  que no texto está no futuro do pretérito do indicativo, e faz referência dessa maneira a um fato  que poderia ter acontecido posteriormente a uma situação passada.Indica uma ação que é consequente de outra, encontrando-se portanto,condicionada(exprime probabilidade, suposição ) . 


Para que não exista mais nenhuma dúvida,a bem da verdade, se o governo tivesse metas prioritárias para essa mesma saúde que tanto decanta ser o guardião,pelo menos teria providenciado no decorrer dos anos que governa o estado de Alagoas,no mínimo 2 hospitais do porte do HGE.

Agora em uma segunda conjuntura,vamos admitir hipoteticamente a existência de outros hospitais em Alagoas com a mesma estrutura do Hospital Geral,  e no caso em tela , também  presente a mesma situação caótica que se encontra as unidades nos dias atuais.Provavelmente a frase proferida por Galvão em entrevista aos sites, seria reformulada para: "O HGE deve ser interditado",para sanar as irregularidades.

O estado nesta suposição que foi criada,além de possuir o HGE  teria outros  hospitais na rede de emergência , e desse modo a população com o fechamento temporário de um deles não ficaria sem a devida assistência médica nos casos com grave e iminente risco de vida . Observe agora, que  o uso do verbo dever, exprime  uma condição do tempo verbal no seu presente,bem diferente do deveria na frase dita por Galvão em 01/02/2013.

Partindo da premissa jurídica e ética , o HGE não deveria mesmo estar funcionando da maneira que vem há vários anos, principalmente quando é de conhecimento público ,a existência de inúmeras fiscalizações realizadas pelo CRM/AL, SINMED ,o teor em cada relatório que  foi produzido e enviado pelas entidades médicas a vários poderes , (MPE/AL,TJ.MPF etc )além das recomendações  do CFM e CREMAL ao Governo do Estado.

É importante ressaltar que as instituições médicas agem de forma racional e com extremo bom senso. Aguardam com paciência o renascer de uma saúde digna para todos.Clamam para o despertar daqueles que por dever constitucional,têm obrigação de executar e cumprir as leis vigentes no país.


A Superlotação

É notório que o HGE sofre com a superlotação! Nenhuma novidade! Se os Ambulatórios 24h , funcionassem obedecendo as resoluções do CFM , com certeza a maioria dos atendimentos que hoje são realizados (Em dose dupla: primeiro nos Ambulatórios,depois encaminhados ao HGE)teriam resolutividade em primeira instância.Exemplos são inúmeros : Um simples Hemograma com contagem de plaquetas ,muito atual na epidemia de Dengue,Sumário de urina ,dosagem de BHCG,RX, etc - na prática não é o que acontece!Será que o Governo desconhece a estrutura de seus ambulatórios 24h?


Revendo algumas resoluções do Conselho Federal de Medicina,uma discorre basicamente sobre o que é necessário para  um setor ser considerado de Urgência.A  RESOLUÇÃO CFM nº 1451/95 que define as condições estruturais, materiais e humanas ao atendimento à população nos serviços de Prontos Socorros . É importante a sua leitura,para  um julgamento racional,ético e legal,e de uma vez por todas  o cidadão Alagoano conheça como realmente deveria ser a estrutura dos Ambulatórios 24h ( O Governo e o MPE , consideram os Ambulatórios 24h setores de Urgência,mesmo com a sua estrutura atual,e portanto não poderiam fechar com a greve dos médicos) .Pelo que consta no site da Presidência da República, até a presente data a lei 3268.1957,não foi revogada, e em seu Art . 2º  está escrito:

"O conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são os órgãos supervisores da ética profissional em toda a República e ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente.'


É digna de atenção , a leitura da LEI No 3.268, DE 30 DE SETEMBRO DE 1957. que dispõe sobre os Conselhos de Medicina, e dá outras providências.


O Ano de 2007 e o Relatório do SINMED/AL


Arquivo SINMED-Ambulatório 24h Dom Miguel – Chã da Jaqueira
"Depois de oitenta e oito dias de greve, em que foram suspensos os atendimentos nas unidades de saúde da rede estadual, os médicos constataram, ao retornar ao trabalho, que as condições de trabalho no setor continuam precárias. A melhoria das condições de trabalho foi um dos itens da pauta de reivindicações da categoria e foi assegurada pelo governo no acordo que pôs fim ao movimento".O relatório completo poderá ser lido aqui




Em reunião realizada nesta terça-feira (06/10/2009), representantes da entidade entregaram ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Rodrigo Alencar, relatório de fiscalização realizada naquela unidade hospital e pediram providências para resolver a situação dos profissionais que atuam no HGE.


O Sindicato dos Médicos de Alagoas (SINMED-AL) apresentou em 10 de março de 2010, um relatório sobre as condições de funcionamento e de trabalho médico das emergências e urgências da rede pública de saúde do Estado.


 O relatório foi apresentado à imprensa, ao Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal em Alagoas, Ministério Público do Trabalho em Alagoas, Defensoria Pública Estadual, Tribunal de Justiça de Alagoas e Secretaria de Estado da Defesa Social, com o objetivo de mobilizar e obter apoio na luta por condições éticas para o exercício da medicina.
O relatório do SINMED de 2010 aqui


Em 18 de outubro de 2010, foi entregue  o relatório elaborado  pelo CREMAL  ao  Governo de Alagoas  referente aos últimos dez meses de fiscalização que a entidade realizou nos hospitais, postos de saúde e PSFs da capital e interior, apresentando os problemas estruturais da assistência à saúde da população e pedindo providências.

Segundo Emmanuel, entre os principais agravos verificados e que levam à precarização do sistema, constam baixa remuneração do médico, má aplicação dos 12% do orçamento municipal com a área da saúde, ingerência política, falta de estrutura tanto no SAMU quanto nos postos e hospitais regionais.


Infelizmente, o que temos encontrado não satisfaz”, resumiu Emmanuel, alegando que é importante deixar o governo ciente dos relatórios do Cremal porque a entidade é isenta de questões político-partidárias e também para dizer ao governo que é imperativo fazer o dever de casa, ou seja, ele próprio tem que dar o exemplo de salário digno ao médico .



Em maio de 2010CREMAL ofereceu  representação ao MPE-AL conforme relatório resultante da fiscalização no HGE

O SINMED  através da sua coluna semanal no Jornal Gazeta ,constantemente alerta sobre a gravidade na saúde de Alagoas .Em junho de 2009,o Sinmed já informava sobre o sarcasmo existente na saúde pública de AL

Em dezembro de 2010 com o título : População em risco  mais uma vez chamava a atenção da gravidade da saúde em solo Alagoano:

Hospital Geral de Urgência e Emergência ( HGE ) Alagoas
02 de dezembro de 2010 
Corredor Lateral

"A falta de médicos nos serviços de urgência e emergência de Alagoas pode resultar num aumento significativo do número de óbitos por falta de assistência, por conta do aumento da demanda que sempre ocorre durante as festas de final de ano. O governo minimiza a situação, não toma providências em relação à saída de médicos prestadores de serviços das escalas e parece desconhecer a gravidade da falta de anestesistas para as escalas de natal e ano novo no Hospital de Urgências e Emergências do Estado."SINMED 



Em 18 de maio de 2011 o Portal Terra publicava a matéria do jornalista Odilon Rios: HGE : Pacientes convivem com formigas, goteiras e cadáveres em AL :
HGE de Alagoas-Imagem:Terra-Odilon Rios Direto de Maceió 


"Pacientes atacados por formigas, apertados em macas pequenas, mortos dividindo espaço com os vivos, lixo próximo a pacientes, goteiras e atendimentos improvisados em cadeira por falta de leitos. Esse é o retrato da crise na maior unidade pública de saúde de Alagoas, o Hospital Geral do Estado, em Maceió."



Em julho de 2011 o CFM e o CREMAL fizeram uma visita ao Hospital Geral do Estado de Alagoas,e constataram a precariedade do serviço. O Conselheiro Emmanuel Fortes assim relata: "‘É preciso que o governo mostre se está aplicando os 12% do orçamento total do estado na área da saúde, como e onde está investindo"......"Do contrário, acionaremos o Ministério Público


Equipe de fiscalização do CFM e CREMAL




A Luta pela Humanização da Saúde,prossegue em 2013


Em 20 de fevereiro de 2013  na coluna do SINMED o presidente do CREMAL, Fernando Pedrosa, disse que: "considera absurda a falta de sensibilidade do governo e adverte que está em jogo a saúde da população".








"Os médicos da rede estadual de saúde que lutam por salários dignos também exigem condições éticas de trabalho e humanização da assistência médica à população. Chega de hospitais superlotados, de pacientes dividindo leitos ou sendo colocados enfileirados em macas pelos corredores – ou, pior ainda, sendo largados em colchonetes. Maca serve para transporte dos pacientes nas dependências dos hospitais. E “leito de chão”, “leito de cadeira”, é coisa que só existe onde se dá pouco ou nenhum valor à dignidade humana."(SINMED)


No dia 06 de março de 2013,na página do MPE/AL :

A 20ª Promotoria de Justiça da Capital (Fazenda Pública Estadual) já começou a adotar as providências para apurar a morte da dona de casa Edlene da Conceição Silva, que morreu, no último sábado (02), depois de ter tido um infarto. Ela percorreu duas unidades de saúde e, na primeira delas, sequer chegou a ser atendida por uma equipe médica. O Ministério Público Estadual de Alagoas quer responsabilizar os profissionais que neglicenciaram em suas atividades, o que pode ter culminado com a morte da paciente.


O Sindicato dos Médicos de Alagoas em atenção ao solicitado no ofício nº 17/2013 – 20ª PJC, encaminha ao Sr. Sidrack José do Nascimento ,Promotor de Justiça , os esclarecimentos a 20ª PJC. Leia aqui


No jornal Gazeta de Alagoas,edição de 17/03/2013, uma reportagem mostrava mais uma vez a população o caos na saúde pública de Alagoas: Gazeta entra no HGE-AL, onde pacientes são tratados de forma desumana e agonizam à espera de atendimento

 O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu os representantes do Sinmed - Wellington e Edilma Barbosa - que estavam acompanhados do senador Fernando Collor (que saiu do Senado e foi ao MS para participar da audiência). O ministro ouviu o relato sobre a situação salarial e de condições de trabalho e de assistência à população dos médicos da rede estadual e disse que já estava sabendo de tudo, desde a audiência com o Senador Collor. Na ocasião o Ministro Alexandre Padilha disse : a situação em Alagoas é muito grave 



Presidente do CREMAL, Fernando Pedrosa na Câmara Municipal de Maceió,em 25/03/2013


"Na Santa Mônica, os médicos são ameaçados verbalmente e até fisicamente. Se a situação continuar, vamos solicitar que eles não trabalhem. É imperativo que o Estado garanta o atendimento da população e a segurança dos profissionais” -


O presidente do CRM-AL tenta mobilizar a sociedade para um grande ato público na porta do Palácio República dos Palmares. O objetivo é chamar a atenção do chefe do Executivo para suprir as carências na saúde pública, em especial na capital. "A morte não espera por ninguém, muito menos por uma resposta forte do governador. Não podemos nos calar diante desse cenário”, reforçou Pedrosa, lembrando do pedido de prisão em desfavor do presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão.

“Se necessário, serei preso. Recentemente, prenderam meu colega por qual motivo? Ele não é sequer nocivo. Por isso, a fiscalização das unidades e a cobrança junto aos governantes devem fazer parte do nosso dia a dia", destacou Pedrosa.(Gazeta Web)


O Conselho Federal de Medicina afirma que o Código de Ética Médica “não é determinado apenas pela profissão médica em si, também verifica o cumprimento dos regulamentos que regem a sociedade na qual os profissionais praticam a medicina”


Tenho certeza que o CREMAL,está vigilante para que essas determinações,sejam cumpridas,conforme a lei .



Como observamos no decorrer de todo texto ,não é por falta de infrações jurídicas e éticas que o HGE ainda não foi fechado ,tampouco pelo ditado popular ruim com ele, pior sem ele .O HGE se mantém aberto somente graças à  Sra. razoabilidade já bastante desgastada nesses longos anos.

É de bom alvitre ressaltar ,que esta humilde "Sra.",uma das inúmeras flores do lácio,com veemência não autoriza ninguém a desprezá-la e usá-la para dilapidar a Magna Carta,o berço-jardim do seu existir!

Quando há verdade e ética,os elementos desqualificadores não prosperam!

Por hoje é só!

Mário Augusto

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