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Febre Amarela : Na ausência de macacos, preguiças e gambás poderiam ocupar um lugar secundário na manutenção viral

 FEBRE AMARELA SILVESTRE NO BRASIL : A VIGILÂNCIA DE PRIMATAS NÃO HUMANOS,MARSUPIAIS ( GAMBÁS ) E PREGUIÇAS.


Suspeita-se que outros animais, como os marsupiais arbóreos e preguiças, possam ter papel secundário no ciclo de manutenção viral, especialmente em áreas onde os macacos estejam ausentes ou já imunes ao vírus



Na ausência de macacos, preguiças e gambás poderiam  ocupar um lugar secundário no ciclo de manutenção viral



O macaco não é o único animal indicador (sentinela) da existência de febre amarela na região. 


Os gambás e as preguiças também servem como uma segunda opção na manutenção viral.




"A principal fonte de infecção são primatas não humanos, principais hospedeiros e amplificadores do vírus, particularmente macacos dos gêneros Allouata (macaco guariba), Cebus (macaco prego), Atelles e Callithrix. Outros mamíferos podem ser reservatórios como alguns marsupiais e roedores. Os seres humanos não imunes podem, acidentalmente, se infectar, penetrando em áreas enzoóticas "(1)

"Os transmissores da febre amarela são os mosquitos e há a possibilidade de outros animais serem hospedeiros além de macacos, como marsupiais e preguiças. Há casos registrados em que a área de contaminação não tinha primatas e anticorpos do vírus da febre foram encontrados em marsupiais. Há também registros de mosquitos que já nascem com o vírus, podendo transmitir a doença para humanos mesmo sem ter picado animais doentes. Isso ocorre porque o vírus pode invadir células do ovários dos mosquitos, dando origem a insetos já infectados e que podem fazer a transmissão vertical." (A)

"Muito se tem falado sobre a morte de macacos que foram infectados pelo vírus amarílico ou vírus da febre amarela. Esses macacos mortos ou doentes podem ser um indicativo da presença do vírus em determinada área, colocando a população humana em risco." (B)

"Suspeita-se que outros animais, como os marsupiais arboreos e preguiças, possam ter papel secundário no ciclo de manutenção viral, especialmente em áreas onde os macacos estejam ausentes ou já imunes ao vírus. Na Colômbia, por exemplo, na década de 1940, ocorreu epidemia de febre amarela na ausência de macacos e apenas os marsupiais foram encontradoscom anticorpos anti-amarílicos " (C)

"Os macacos, como hospedeiros vertebrados primários, desempenham um papel importante na amplificação da transmissão viral. Um único macaco virêmico pode ser fonte de infecção para centenas de mosquitos vetores, aumentando a transmissão da doença, sobretudo, aqueles do gênero Haemagogus, que apresentam preferência hematófaga a partir de primatas, o que ressalta seu papel como fonte de infecção para vetores (VASCONCELOS, 2010) " (D)

"A ocorrência de maiores epidemias, normalmente é indicada por macacos mortos encontrados em regiões de florestadas. Como a maioria dos primatas do novo mundo são altamente susceptíveis à infecção, muitos morrem especialmente os PNH do gênero Alouatta sp. Sugere-se que a periodicidade entre epizootias ou epidemias, reflete o tempo necessário para a renovação das populações de macacos suscetíveis. No entanto, não está claro como a FA se mantém durante períodos inter epizoóticos ou inter epidêmicos (BRYANT et al., 2007). Entre as hipóteses para a manutenção da transmissão do vírus, encontra-se que as epizootias de PNH movem-se continuamente em toda a região amazônica, a partir de uma população suscetível à outra, embora alguns trabalhos sugiram à manutenção enzoótica do vírus no Peru e no Brasil. A infecção persistente em macacos foi documentada para algumas espécies em laboratório, em estudos dirigidos a vacina, mas o nível de viremia parece ser baixo e insuficiente para infectar vetores. Há evidências de transmissão vertical em A. aegypti, Haemagogus equinus, além do Haemagogus janthinomys, o principal vetor na América do Sul (AUGUSTE et al., 2010). Ainda, segundo os mesmos pesquisadores, foi sugerida que a baixa taxa evolutiva do VFA, em comparação com o vírus da dengue, que pertencia à mesma família, pode ser uma consequência da transmissão vertical. Um ciclo de transmissão alternativo desconhecido pode existir, pois há evidências sorológicas de cutias infectadas (Dasyprocta leporina), embora não esteja claro se são hospedeiros amplificadores ou finais. Alguns estudos sugerem a evolução “in situ” do VFA em muitos países sul-americanos, onde o vírus está em circulação. O vírus parece ser mantido localmente por períodos relativamente longos e as epizootias surgem por vírus mantidos em ciclos enzoóticos. Esse achado parece estar em desacordo com a informação que epizootias ocorrem simultaneamente nas Américas e levanta a questão sobre quais seriam os mecanismos responsáveis. Não há resposta definitiva, mas provavelmente os mecanismos são interações complexas entre múltiplos fatores. Alguns fatores influenciam a atividade do VFA, como o aumento da população do vetor durante estação chuvosa, umidade e temperatura associados a ausência de estratégias preventivas, que favorecem a ocorrência ao longo de extensas regiões geográficas, e, assim, facilitam a emergência da FA em novos espaços (AUGUSTE et al., 2010).

Os macacos (PNH) são os principais hospedeiros e atuam como amplificadores de vírus. Um macaco em período de viremia pode infectar vários mosquitos (VASCONCELOS et al., 2001). As espécies de primatas que atuam como hospedeiros vertebrados diferem de acordo com a região geográfica (BARRETT & MONATH, 2003). Embora os primatas sejam os principais hospedeiros vertebrados da FA, o vírus pode infectar outras espécies animais, inclusive os hamsters (TESH et al., 2001). Alguns vertebrados, como preguiças e marsupiais neotropicais, foram encontrados com anticorpos contra o vírus da FA, e o vírus foi isolado em uma única ocasião de um morcego frugívoro no leste da África. Embora apenas os primatas parecem ser claramente implicados como hospedeiros vertebrados no ciclo de transmissão, a viremia nesses animais geralmente é de curta duração, de dois a cinco dias, embora possa ser de até nove dias. Os primatas morrem após infecção ou se curam e desenvolvem imunidade protetora duradoura por toda a vida (BARNETT, 2007)
Estudos realizados na década de 1940, de infecção experimental de marsupiais neotropicais selvagens, mostraram que esses animais soroconverteram com baixa viremia, considerada insuficiente para infectar mosquitos. No entanto, certas espécies de marsupiais didelfídeos, Metachirus nudicaudatus, desenvolveu viremia suficiente para infectar mosquitos do gênero Haemogogus (BATES, 1946). As provas que envolvem os primatas como hospedeiros primários, em geral, são bastante convincentes, mas no caso dos marsupiais, ainda são necessários estudos que possam aumentar as informações disponíveis para que a compreensão da atividade viral seja ampliada (MONATH, 2001).

Os vetores de maior importância epidemiológica no Brasil são: A. aegypti, o principal vetor urbano; Haemagogus janthinomys, considerado o principal vetor silvestre; Haemagogus leucocelaenus,

Outros mosquitos que já foram encontrados com o vírus da FA e podem participar no ciclo de transmissão: Haemagogus tropicalis, Sabethes chloropterus, Sabethes glaucodaemon, Sabethes cyaneus, Ochlerotatus fulvus e o Psorophora albipes (SEGURA & CASTRO, 2007). Outras espécies foram encontradas infectadas e podem significar que esses mosquitos apresentam papel secundário na manutenção do vírus na natureza. Entre eles o Haemagogus albomaculatus na região do baixo Amazonas no Pará, Haemagogus leucocelaenus na Região Sul e Sudeste do Brasil, bem como, Sabethes chloropterus no Mato Grosso do Sul e Maranhão, Sabethes cyaneus, Sabethes glaucodaemon e Sabethes soperi em Goiás e Minas Gerais (VASCONCELOS, 2003). Em 2009, o vírus foi isolado de Aedes serratus e Haemagogus leucocelaenus, sendo que este último foi implicado como o principal vetor, encontrado infectado, na região sul do Brasil (CARDOSO et al., 2010).

Provavelmente, a FA afeta todos os primatas sul-americanos. Pelo menos todos os que foram estudados, incluindo varias espécies, famílias e ordem, como Alouatta, Callithrix, Saimiri, Cebus, Ateles e Lagothrix e todos podem ser igualmente infectados por um mosquito vetor do vírus (DAVIS, 1931). A exceção foi encontrada para uma única espécie de macaco Cebus colombiano, enquanto que, outras espécies de Cebus brasileiros foram facilmente infectadas com cepas do vírus selvagem (WADDELL & TAYLOR, 1945). Os primatas do gênero Alouatta são altamente suscetíveis ao vírus da FA e por estarem amplamente distribuídos na área endêmica de FA no Brasil, são considerados animais ideais para monitorar a doença, conforme apontado por Soper, 1936. Durante uma epidemia no Centro Oeste brasileiro entre 1972 e 1973, a prevalência de FA em PNH foi de aproximadamente 30% e o vírus da FA foi recuperado a partir de um macaco prego, Cebus sp. (PINHEIRO et al., 1981). Diversos trabalhos têm mostrado participação de diferentes mosquitos e macacos no ciclo natural de transmissão da FA. Além disso, os macacos, especificamente imunes, têm sido capturados em áreas de mata e florestas, onde a doença é endêmica (BARRET & MONATH, 2003)." (E)



Traduzido e Editado
Se copiar é obrigatório citar o link do Blog AR NEWS

FONTES:

  • (A) http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/22996/macacos-sao-sentinelas-epidemia-febre/
  • (B) Tunico Aguiar – Biólogo / Patologista Clínico
  • (C) http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n2/a12v36n2
  • D) e (E) https://ppgca.evz.ufg.br/up/67/o/Tese2012_Alessandro_Pecego.pdf
  • (1)https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2017/02/FA_-_Profissionais_13fev.pdf


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